Paroquia de Saturno - Project Genesis

A Paroquia de Saturno é a Sétima Esfera Superior da Sephirot estando ela logo em seguida da Prisão de Júpiter onde são pressos normalmente infratores do exterior de Sephirot já que dentro dela não há crimes, logo, não há punições ao nativos embora acreditasse que isso exista sim, apenas é feito escondido das grandes massas.

Para que possa abrigar todos os D'arc e possíveis visitantes de uma só vez, o local é bastante grande, quase como um verdadeiro prédio tendo diversos andares onde normalmente os Noah se mantém no topo falando com todos os demais que ficam embaixo olhando aos céus para vê-los e ouvi-los na zona mais aberta, porém, existem outros locais menores ali mesmo onde ocorrem as confissões sendo cada andar especifico para um tipo de pecado e confissão distinto onde dessa forma, basta saber em que andar o individuo está para se saber, de certa forma, qual pecado ele cometeou e está indo se limpar onde esse tipo de ação de purificação difere de caso para caso e por isso o processo é realizado em ambientes diferentes.

Existe um lugar especifico para reunião dos Noah, um ambiente bem menor e no topo o que trás a ideia de proximidade com Deus e nele é como uma igreja comum com púlpito e bancos elevados lateralmente de madeira polida, vidraça, tudo muito bonito e organizado e é aqui, neste ponto, onde Noah reúne e conversa com todos seus filhos.

Tombou o rosto para o lado devagar em resposta ao som do vaso quebrado definitivamente estranhando aquela ação de Justine. Teria ela visto o que viu também? Seria outra coisa? Preocupação? Pretendia conversar com ela a respeito depois... Talvez não fosse uma boa ideia, talvez fosse um ato mais generoso poupá-la... Evangeline sentia-se desconfortável em esconder algo dela, especialmente algo tão grave.

A mão direita foi até o próprio pescoço e dedilhavam o local onde havia marcado enquanto dormia ainda que não houvesse mais nada ali. A outra mão foi até o ombro da amiga enquanto caminhavam.

- Você me perguntou sobre a força do garoto... Mesmo que eu não tenha visto muito, ele conseguiu segurar o combate contra uma criatura poderosa enquanto eu passava pelo meu teste. Com certeza ele é forte. E o irmãozão também é. - Definitivamente não ousava a chamar Kael assim na frente dele, porém, para Justine aquele era um adjetivo normal.

- Ele sempre volta, mesmo não querendo. - Deu um tapinha nas costas de Justine e olhou para o lugar próximo a Imperatriz, o lugar que pertencia a ela, Justice, antes de tomar o seu e silenciar-se. De certo modo ainda estava perturbada pelos acontecimentos o suficiente para não escutar as fofocas a seu redor.

Com a pequena explicação esperava acalmar a amiga nem que fosse um pouco, porém era pega de surpresa pela ruiva. Tinha entendido tudo errado. Não esperava por aquilo. A albina então abriu a boca para falar algo, o rosto aquecendo cada vez mais ao ponto de arder mas lembrou-se de que estava em público, não poderia se dar ao luxo de perder a compostura toda ali, por mais que a maioria lhe fosse conhecido.

"POR QUE EU O VERIA SEM ROUPAS? ISSO É ERRADO. NÃO PODE." Claro que tais palavras soavam mais altas em sua mente do que de fato seriam caso as externasse, não era lá muito boa em gritar, seu timbre não ajudava.

Simplesmente levou uma das mãos até o lado do rosto que não era coberto pelo tapa olho e cobria, esperando que a temperatura diminuísse naturalmente enquanto todos se colocavam em suas posições. O paradeiro da serva era confirmado, deixando a ela a conclusão de que sua serva deveria estar sendo testada embora não imaginasse contra quem. Então seu coração retornou a acelerar, mas... Por um motivo diferente: Espanto.

As palmas seguiam devagar da parte dela e paravam aos poucos; o silêncio fazia-se presente completamente e a garota simplesmente petrificava, sem tirar os olhos da cena, nem mesmo piscava. Diferente de antes estava pálida, mais do que estivera após acordar. Era um pesadelo, não era? Tipo um dos que teve mais cedo. Não era incomum um sonho dentro de um sonho. Puxou o máximo de ar que podia e soltou devagar, a medida que o sangue aquecia seu corpo parecia querer perder as forças.

- ... - Enfim desviou o olhar. A possibilidade de conseguir fazê-lo de forma tão "simples" agora indicava estar de fato acordada.

          Quando chegava o assunto estava pela metade, não fazia sentido querer entendê-lo, mas não fazia mal a ninguém desejar tal coisa dentro de sua mente, o assunto parecia sobre um projeto, isso não era de seu cunho pessoal mesmo que enfrentastes um dos que sempre falava isso, nada fora do comum, em vida isso ocorria até de mais, porém, nesse momento só conhecia de nome e nada mais.

           A cena que tinha não era a sua preferida, mas tinha que se conformar, a gigante estava diferente mas não totalmente, seu tamanho ainda era o mesmo mas sua forma física estava contida, consciente, viva e compreensível. - Olá Mestre! - A voz era reconhecível porém tinha um Que de sanidade, isso diferia tudo o que presenciou da grandiosidade megalomaníaca e insana que mantinha suas veias vibrando junto de tanta vontade de destruir tudo, talvez fosse só uma impressão, mas aquela voz e a sensação de ser sua serva eram inconfundíveis... - Olá a todos. - A criatura fazia questão de cumprimentar os demais presentes.

Em meio ao grande desconforto gerado pelo velho Noah crucificado a Linner não se questionou muito a respeito da forma da Serva, do porque ela estava diferente de antes... Começou a se questionar quando esta falou consigo de modo tão amigável, a sanidade tão diferente do que havia visto antes. Achou-a até mesmo atraente agora que conseguia ver direito e sua atenção dispersara-se do homem de cabelos negros. Desconcertou-se. Não sabia bem o que responder, mas graças a aquele gesto inesperado conseguiria se focar melhor nas palavras que viriam a seguir; e precisaria de todo o foco. Levantou a mão direita para acenar por alguns momentos.

Uma prece era feita na intenção de seu pai enquanto as chamas o cremavam ali diante de todos. Cada vez mais seus músculos relaxavam e a garota fechava os olhos com um ar contemplativo, numa frieza natural - não aparente como antes - que já lhe era característica. Alguns nomes reverberavam dentro de si, familiares. A orbe à mostra abria-se para contemplar também visualmente aquela energia simplesmente divina, algo a que sua essência reagia inexplicavelmente, mesmo seus olhos reluziam como os de Mikail horas atrás; neste momento compreendeu parte de sua própria natureza, uma pequena parcela. E como usá-la a seu favor.

Balançou a cabeça positivamente ao final, era uma escolha óbvia mesmo que estivesse livre de seus próprios grilhões invisíveis. Sua vida era efêmera, curta, seu único receio era o de não concluir seu propósito ((Mas que propósito era?)), e que as próximas gerações não pudessem desfrutar da tranquilidade a qual lhe fora oferecida. Lembrou-se do instinto assassino, o nome amaldiçoado da espada... Teria alguma relação? Independente disso aquela era uma arma que não deveria existir em tempos modernos, por si só algo capaz de gerar paradoxo se usada de modo descuidado. A humanidade era assim... Não era? Sempre pensando apenas em si mesma, sem se importar com a consequência de seus atos... Tentaram ser maiores do que Deus ao criar vidas artificiais que sequer respeitam. Então experimentaram do próprio veneno e temendo que a própria criação fosse hostil os colocam em coleiras. E ao invés de simplesmente adaptar-se a seu meio e co-existir pacificamente uns com os outros, como todas as outras espécies o fazem... Se auto-destroem, consumem, poluem a terra com seus pecados.

"Mas essa humanidade tem seu lado belo. Você sabe disso, Lin. Eu que fui moldado a partir de um dos conceitos dela, pois você a amou; pois você a ama. O problema não são os humanos em si... Preocupa-te, por hora, com o que o Alayashiki rejeita."

Para Evangeline toda a vida deveria ser respeitada. Não soava certo destruir uma vida para garantir o futuro de outras... Porém estava mais aberta ao seguimento do discurso.

          Sem muita enrolação via a lança ser projetada, falha e sem muitas conformidades para ser segurada, queria tanto tocá-la para verificar algumas afirmações dele, mesmo que isso causasse dano em seu corpo iria tentar pegá-la, entretanto havia sido dito que não estava completa e isso poderia causar uma falha no toque, deixando isso um pouco de lado ouvia os dizeres que seriam importantes, a gigante agachou-se igual um eslavo, apenas equilibrando-se com as pernas, a bunda sobre os calcanhares, os braços apoiados no cotovelos e suas mãos para frente.

          Mesmo que aquele brilho de antes fosse forte seus olhos não haviam se ofuscado, para um servo não iria sofrer de ações terrestres se não fosse status negativo então, sua expressão de completo tédio antes quando dele começar aquele discurso nem um pouco interessante para si, nada do que ele dizia fazia sentido nenhum. Começava a olhar para as outras coisas em sua volta, o ambiente em si era bem trabalhado e nada mais que isso chamava a sua atenção. Como se sentia ainda como a mais forte mesmo que sua força claramente havia sido superada a calma em esperar como quando iria agir precisava ter certeza.

           O silêncio permanecia enquanto o rapaz vociferava suas ideias e ações, mas algo a incomodou quando ouvia algo indevido para sua visão, seu olhar virou até o limite de sua órbita, o descontentamento em sua expressão se mostrou forte, nada parecia ser como havia sido apresentado, por isso não desejava sua Mestre ali, entreabrindo os olhos depois de tamanha deblateração que ela havia cansado de ficar ouvindo; as mãos bateram sobre os próprios joelhos, o corpo se erguia primeiro elevando sua bunda e depois seu tronco, com um tapa forte sua mão veio nas costas dele, o tapa acertava a cima das escápulas, o indicador e o polegar circundaram seu pescoço, os demais prederam em sua roupa e Adrian havia sido erguido do chão sendo segurado um pouco a cima da altura da Pilar enquanto esta fixava os olhos - agora roxos - nele. - Não gostei de ti desde o começo... Suas palavras me perturbam, tal qual deseja o poder sem antes quebrar esse espelho que lhe circula... Se está tão querente de tal artefato, seja ele benéfico ou maléfico, que permaneça escondido e não em tuas mãos... Sua hegemonia é incerta e a forma que falas não os afetam por estarem cegos de suas ideologias, patife. - Diferente de antes sua ferocidade incontrolável agora transmitia a sensatez do que estava fazendo, pois antes não pensaria nem duas vezes de atacá-lo, mas agora, mesmo que de forma precipitada, usava de ações mais técnicas e psicológicas para caçar alguma falha nele.

Sem que percebesse a mão direita ia até o tapa olho e ficava puxando de leve uma das pontas, que tinha forma de pétala. As perguntas em sua mente começavam a surgir, especialmente a respeito da segurança do poder que poderia ser-lhe concebido. Claro, não acreditava que poderia ser nocivo para si em primeira pessoa mas... Velbers agiam com o propósito de eliminar civilizações, terminar toda a vida inteligente existente em um planeta. Deuses, homens, ... Nisto os Linners, sua família, entravam nesse conceito. Esta força cósmica poderia ser controlada assim?

Então teve medo. Medo por ter cogitado. Medo pelo raciocínio que fora interrompido anteriormente pelo Arcanjo ter se assemelhado a aquele exposto diante de si, de soar natural. Ela mesmo parou para olhar-se, olhar aquelas marcas em sua pele, depois ergueu o rosto de volta ao interlocutor e eis que sua Serva... O que ela estava fazendo num momento desses?

Ergueu-se. O tronco inclinara abruptamente um pouco para à frente e o braço esquerdo abria-se, impedindo a passagem do que saberiam ser o seu Maken que repentinamente poderia ser sentido mesmo "camuflado". Ela então caminhava em direção a serva, numa tranquilidade medonha para padrões humanos levando em consideração a presença massiva atrás de si. Parou no meio do caminho.

"Eu peço desculpas por ter apagado depois da invocação, eu deveria ter aguentado mais um pouco, pelo menos até oficializarmos as coisas. Nem mesmo sei se lhe fizeram algum mal. Mas, por favor, se me vê como mestra ou pelo menos considera a ideia de trabalhar ao meu lado não faça coisas inconsequentes." Comunicava-se mentalmente enquanto estendia a mão para ela, em um pedido para que se aproximasse.

- Se tem algum problema comigo ou com algum deles, venha se retratar comigo. Eu assumirei a responsabilidade. Do contrário... - Mexeu a mão de novo. Independentemente da resposta queria que a Serva soltasse o homem e viesse até si.

          Vendo todos posicionarem suas "armas-espectrais" prontos para atacar, a serva não se mexia deixando que a comoção se fizesse sozinha, prolongando o que é que fosse acontecer dali em diante, ela, a serva parecia lúcida o suficiente para ver algo de errado ali, porém, poderia estar errada, algo em Adrian incomodava a gigante, nada nesse mundo era tão vil quando o seu jeito, incomodava como uma pedra no sapato, tão simples e tão doloroso, precisava fazer alguma coisa. - Sua presença é vil, antes fosse poderosa. O que você demonstra não parece ser satisfatório do quanto deseja. Enquanto não expressar o que você quer as palavras podem ser ditas de qualquer forma e compreensível. Para alguém que tem todos em suas mãos, mentir para um bem maior e só de vontade sua... Isso é-... - Antes que pudesse terminar de dizer a Mestre aproximou, inicialmente ela escondia os primeiros dizeres, compreensível, nada fora do comum: "Não é você... Preso sua presença, Mestre... Mas ele... me incomoda todos meus pelos" - Não deixaria de responder isso com sua mente na mesma forma que fora o dialogo inicial, mas não deixava de tirar seus olhos de Adrian.

          Ela só estava querendo evitar que a Pilar fosse morta, assentia isso, não era sua intenção, mas era o seu jeito, e isso não iria mudar. A todo momento seus olhos púrpuros estavam fixados no rapaz erguido, não se deixava abalar por todos que queriam sua pele para expor na parede. - Filha... digo, Mestre... Não tenho assuntos a retratar com ninguém. Só preciso saber a verdade escondida por este...

O problema era só com ele? Por mais estranho que o homem fosse para os padrões humanos Evangeline não conseguia imaginar o moreno mentindo, ele não ganharia nada com isso. Não onde sonhos proféticos eram tão comuns, só teria sua credibilidade perdida, mais rebeliões e traição; afinal já as tinha sem precisar mover um único dedo, apenas por existir. Entrar em uma posição de poder apenas intensificava isso. Mas se ela estivesse se referindo ao Imperador estar escondendo algo... Concordava. Todos naquela sala possuíam segredos, a própria Eva inclusa na equação.

Fechou os olhos por um breve momento e abaixou a mão. A Serva.. Tinha a chamado de filha uma segunda vez? Talvez Evangeline a lembrasse da filha que a heroína tivera em vida? Tudo bem, não incomodava. Poderia ser assim. Não tivera na vida ninguém que pudesse chamar desse jeito - de mãe -, afinal. Quanto a frase de Adrian, não ligou o adjetivo a si. Era sempre "princesa", nunca rainha. Nem pretendia ser.

Como ele não interferira no que estava fazendo agradeceu com um gesto e começou a caminhar, terminar o que restava do trajeto. A sensação inofensiva, morna como raios de sol na manhã que transmitia naturalmente era transformada em algo simplesmente divino gradualmente. Entretanto o corpo desprovido de tatuagens entregava que o segredo não era sua recém descoberta ligação com a Estrela Umbral, tampouco algo proposital.

- Vejo que está em sua lucidez e por isso direi... Não é sendo hostil que se fará escutada ou terá as respostas que deseja. Não conseguirá expor ponto nenhum, iniciará somente um massacre desonroso, vão, sem sentido. Em quem espera que acreditem? Em uma Serva recém invocada ou naquele que tem dado o melhor de si para nos proteger todos esses anos? Observo cada um deles. O esforço de cada um deles. Com o líder não é diferente. - Movia-se para ficar cara-a-cara, ou pelo menos tentar uma vez que a outra ainda era maior. As orbes perceptivelmente azuis fitavam as púrpuras, como se estivesse lendo a alma da mulher com atenção, virando as páginas devagar.

Ou talvez permitindo que a parceira visse dentro de si.

- Por isso que não quero obrigar ninguém a base de selos ou coleiras. Nem você. Me faria semelhante ao que quero exterminar, me colocaria três passos distante do que quero proteger. - Tocou o braço da morena.

- Eu desejei conservar a vida pacífica dentro desses muros. - Suas motivações estavam mudando. - Se não acredita nas intenções ou métodos do meu Rei, consegue acreditar nas minhas? - Os ditos quase sussurrados conservavam suavidade, mas havia uma certa emoção, algo que não conseguiu excluir mesmo tendo se acostumado com a ideia com o passar dos anos.

Não seria capaz de conter o desejo de sangue de todos além daquilo. Mesmo se pudesse, não sabia nem mesmo se tinha o direito de pedir misericórdia pela mulher a partir daquele ponto, pois ela mesma, por alguma ironia teria agido se não fosse a influência do homem que a Pillar detestara.

- Não sei como vocês resolviam as coisas em sua época. Talvez devamos, eu e você, decidir em batalha? Eu disse, assumirei responsabilidades das suas questões em relação a eles e você não é obrigada a lutar por mim. - Desta vez retirava as mãos da outra caso ela não tivesse as soltado e começava a puxar para afastar a giganta, usaria força de necessário. Nisto metia-se na frente, entre eles.

- Se desejar manter o contrato mesmo assim desmaterialize-se ou faça companhia para o Samiel fora daqui enquanto decidimos os detalhes da missão. - Apontou para o Albino desconfortável fora do círculo de "linchamento". Ele que olhou para os lados procurando quem era Samiel, perdido, era a primeira vez que escutava tal nome. Seja já quem fosse, Samiel era um pobre coitado, Evangeline estava no ponto de estar com raiva pela situação envolvendo acusações direcionadas a Adrian. Era o que Mikail pensava enquanto a garota esperava terrivelmente séria, há quem diga ofendida.

           Adrian ainda não respondia suas palavras, o silêncio dava a ele o controle perfeito para a situação, não seria a pessoa perfeita para ir contra, necessitando assim de uma abordagem mais direta, o punho esquerdo fechando, seus olhos estreitando, sua furia ia ser liberta, mas, a voz de sua mestra conseguia conter sua vontade avassaladora. Infelizmente a forma como falava já demonstrava como ela estava em volta dessa barreira de devoção e comunhão no qual não tinha como resolver da forma que queria.

          Sua mestre aproximou mais, e sua visão não saia do rosto deste suspenso em sua frente, ela conseguia chegar em pontos que não podia ir contra, soava como um ultimato, nada disso poderia fazer a gigante continuar, a sua expressão de raiva parecia ser movida pela sensação de impotência, claramente ela se conteve, se o encanto ainda estivesse em seu corpo o final dessa tensão seria diferente, o começo não seria nada agradável. O pior poderia acontecer e ela ficou entre eles, já não tinha mais forças para se conter ali e ela infelizmente não iria entender, nem mesmo a força...

         A mão esquerda subia, os dedos entrelaçaram nas buchinhas que prendiam seus cabelos, quando puxadas os longos cabelos caíram por seu corpo esbelto e truculento, virando o corpo de Adrian ele fora solto e a gigante a envolvendo as mãos na pequena Evangeline, sedia a seus pés caindo ajoelhada em frente a ela. - Infelizmente o mundo que venho, ele era composto de diferenças, a humildade era uma fachada apenas para Reis agir de forma correta ao povo... - Os cabelos junto do corpo que praticamente cobria a menor escondia-a num casulo corpóreo. - Se tratando de guerras, eu tenho um conhecimento melhor, ao ponto de me levar a loucura... A mesma loucura que cegou o meu irmão... Por isso estou aqui para proteger-te como minha filha, pois é o único fio de esperança que tenho para moldar o mundo a seu favor... Sua vida é mais importante que a minha, e isso não vai mudar... - O som abafado de sua voz vinha com um aperto significativo em seu abraço, pois mesmo ajoelhada a Pilar conseguia ficar maior que a mestre. - Então... Qualquer coisa que coloque sua vida em risco é de meu maior objetivo destruir, aniquilar, obliterar... Por isso... Estou aqui para você. -  Findou com um suspiro pesado para seu tamanho. Ela, a Pilar se sentia mais viva com essa declaração no qual lentamente a maior ia se desfazendo em vários pontos de luz. - Se precisar de minha presença, irei surgir antes que peça, pois, meu coração é tão seu quanto o meu, filha. - E naquela comoção própria ela se desfez.

Indagara-se se era certo continuar tratando outras raças com respeito, se alguns de seus irmãos estavam certos. Se deveria tratá-los como animais ou objetos visto que cada vez mais demonstravam-se criaturas destrutivas, incivilizadas e ingratas. A sensação do Arcanjo próximo de si desobedecendo-lhe reforçativa mais a decisão ainda incerta. Entretanto... Por mais familiar que era aquele poder - e lembrava-se de algo extremamente familiar, se não o próprio 'Samiel' - os calafrios reforçavam que não era seu... Afinal não era ele o que Evangeline era? Se ela fosse um demônio, também o seria. Se fosse um anjo, também o seria. O melhor meio de mantê-lo em uma coleira era conservar sua usuária pura.

“Você está certa, ninguém tem esse direito.” Repetiam em uníssono, mas a 'voz' de Mikail era profana conquanto conservasse seu aspecto frio.

“Tem total liberdade para fazê-lo caso ela persista. É sinal de que não será obediente mesmo que selos sejam usados, que se voltará contra nós na primeira oportunidade.” Além de desonroso, sabia que selos de comando não garantiriam o controle de seu servo por muito tempo. A garota levantava o rosto. Os olhos azuis procuravam seu outro eu sem discernir muito bem. A seu modo concordava até certo ponto.

“Mas devo lhe avisar que seu pensamento simples é falho em um ponto. Se não o respeitasse teria permitido que fizessem como desejam. Porque agir na emoção agora somente diminuiria nossas chances em termos gerais, consequentemente o colocando em risco. Perdão.” Suas preferências não estavam acima do coletivo, poderia segui-las somente até o ponto de que não intervissem. Claro, se pudesse evitar não agiria de forma desonrosa nem com seu pior inimigo, que dirá com sua Serva. A habilidade desativada gradativamente.

“Agora tenho certeza de que ele estará em bons cuidados mesmo quando eu não estiver mais aqui…” Infelizmente tudo o que fizera parecia ser inútil e as coisas aparentemente acabariam daquele jeito… Com o demônio pronto para desferir o golpe. Seu único ato de misericórdia permitido nesse desenrolar era acabar rápido com aquilo. Contudo fosse sorte ou destino a mulher caía de joelhos à sua frente.

- ... - Toda a equação sobre aquela colosso diante de si era complicada pois não a conhecia. Toda aquela intensidade era demais para si e o modo que a parceira se portava agora quebravam seu presumir ao ponto de Evangeline simplesmente tornar-se estática, rígida, atingida por um golpe invisível que jamais esperou. As pálpebras abriam mais quando os braços envolviam-lhe. Então por quê? Não parecia ser Ágape. Reconhecera a vitória sobre si ao ter o coração tocado de forma tão inesperada, além da curiosidade ganha.

Mikail levava o antebraço até a testa e apoiava as costas na estrutura. Estava exausto, grato e surpreso afinal a luta sugerida começara no momento em que abriram a boca de modo que não existiram golpes físicos entre elas e o recebido em ambos os lados era imensurável ao ponto de desabilitar ambas mais do que qualquer batalha que poderiam ter tido. A albina permaneceu num silêncio meditativo por uns instantes permitindo a explicação de sua parceira para só então se pronunciar. O alívio tomou conta de si em saber que as ideias que estava tendo antes eram errôneas, pelo menos em partes.

- Se este for o seu desejo, eu permitirei mas, - A destra deslizava descendo pelo rosto da outra enquanto ela se desfazia.

- Tenha em mente que confio em Adrian na mesma medida que o amo... Acreditar em mim é acreditar nele. Ofender a ele é ofender a mim, o mesmo vale sobre calúnias. Feri-lo é pior que me ferir diretamente. Se minha vida é mais importante que a sua, a dele é ainda mais. - Para si era somente o senso lógico falando mais alto, não exatamente uma declaração apaixonada.

- Portanto deverá ser não somente obediente, mas leal ao Imperador. Deverá acatar toda e qualquer ordem seja do seu agrado ou não. Fazendo isso terá o seu desejo e o meu em mãos. Qualquer coisa além disso considerarei um ato de traição, a ofensa mais grave existente. - Normalmente usaria o termo 'pecado' ao invés de 'ofensa', porém imaginou que a mulher não seguia sua religião e assim o termo era substituído para algo mais próximo da realidade dela.

Uniu as mãos. Virou-se de costas para o vitral, em direção aos demais e fez uma reverência. Depois de hoje reafirmava que mesmo que qualquer um ali pudesse assumir, nenhum, ou quase nenhum era capaz de manter o bastão de poder em mãos. Ser líder não era apenas uma questão de dar ordens ao vento. Não era o suficiente para um líder ser poderoso. Ser rei levava a muito mais implicações do que isso. Isto porque a maioria visava o curto prazo, o agora, a prova disso eram as reações de cada um ali diante daquela ofensa.

Em questões como essa o natural seria o próprio rei punir a conduta pessoalmente, se ele não o fizera de imediato era porque também tinha algo em mente. De certo modo nivelara com Magdalena nesse ponto ainda que não excluísse suas dúvidas técnicas a respeito do plano de usar os Velbers, teria que esperar o seguimento.

- Eu desejava manter a paz dentro desses muros, garantir o legado das próximas gerações mas de quê adianta centrar-me em algo tão simples quando todo o nosso mundo corre risco de ser extinto? É claro, desejos e ideais não são nada até lutarmos por eles. Meu desejo se alinha com o objetivo dessa reunião. - Esposa? Rainha? Achou ter entendido errado até Adrian se pronunciar. Evangeline pretendia morrer solteira como as demais Jeannes "escolhidas", gostava dessa vida, nunca teve intenção de pedir por nada além. Sequer perdia seu tempo fantasiando a respeito de envolver-se de qualquer forma embora, sim, criança tivesse considerado a ideia de construir uma família, apenas conformara com não ser possível.

“É isso!” Comentava mentalmente o Albino recuperado, batendo uma mão fechada sobre o palmo aberto depois de uma epifania.

“Se ela a vê como filha é natural que se sinta ameaçada pelo genro!” Por mais que sua intenção não fosse envergonha-la, do outro lado Evangeline engolia seco. Quanto mais pensava nisso mais se sentia estranha. Virou o rosto um pouco, sinceramente não queria cruzar o olhar com Justine ou morreria. Felizmente o cubo tirava o foco daquela questão.

Olhou para os Noahs principais como se perguntasse se deveria ficar ali apesar de todos estarem fora de suas posições ou se deveria retornar a seu lugar.

Observando ao longe o desenrolar sob as ordens de sua mestra ele capturava as ordens do líder. Isso somado ao fato de tudo estar aparentemente resolvido imaginou não ter problema se aproximar agora mas por não se julgar no mesmo nível dos demais presentes, nem estar acostumado com tal tratamento uma vez que por mais humanoide fosse tratava-se de uma arma, não sabia como reagir em ser recompensado daquele modo pelo Imperador, apenas ficava parado ali, totalmente sem jeito, chegava até mesmo a desviar o olhar capturando de relance a feição daquela garota que possuía uma sensação parecida com Evangeline. … Era assim que deveria agir em momentos como esse? Fechou os olhos vagarosamente tentando se acostumar com aquilo.

Evangeline aguardava, pousando os olhos em cada um dos interlocutores conforme a voz era dada. Estava realmente curiosa sobre os motivos do líder, assim como muitos ali. E como o esperado não havia nenhuma contradição no discurso, seguia uma linha de raciocínio só, além de não soar injusto com aqueles que mantinham um grau de harmonia com o planeta assim como eles. O olho exposto, rubro, iluminara-se em parte do discurso e ela era uma das primeiras a aplaudir, a voz misturava-se a da platéia onde até mesmo Mikail acompanhava o gesto ainda que não falasse. Entretanto 'retornava' a 'realidade' após ser convocada.

A decisão foi tomada. A punição para traição era a morte. Independentemente de sua posição não deveria ser parcial mesmo que todo aquele requinte crueldade a incomodasse. Mas... Por outro lado... Era mesmo traição? O coração de Kael nunca esteve com os D'arc. Sempre esteve longe, fora dos muros... Ali era onde a família dele estava. Deu de costas para seguir Adrian junto a Justine, mas parava no meio do caminho para fitar o enforcado por cima do ombro quando o A-Ray deste falava com o seu Maken. De fato Adrian podia soar profano, entretanto não sentia malícia nele, gosto pelo assassinato. Isso significava que aquele rosto despreocupado escondia um monstro pior que o demônio, algo que nem mesmo o Arcanjo demonstrava-se consciente pois encarava-os de forma neutra, tranquilo, nenhuma alteração percebida pela linha que conectava usuária e arma. Na outra via Mikail percebia o incômodo e não importava-se.

- Acho... Que ele não é muito de falar. - Se não fosse o diálogo com a A-Ray do Star até sua própria a usuária pensaria que o Albino era mudo. Não sabia porque ele fazia aquilo. A única coisa que conseguia persentir de fato, desde que o invocara era a guarda dele ter diminuído pouquíssimas vezes.

- Obrigada. Tenham uma boa viagem, Hanged e Chariot. - Evangeline fazia uma reverência despedindo-se do quarteto e Mikail fazia o mesmo antes de saírem. Não era necessário um comando para segui-la, somente o contrário.

- Segredo? - Virou-se para Justine realmente sem saber do que ela falava. Por que mencionar Gabriel agora? É verdade… Gabriel estava com Kael… Ele também estava em perigo?

O indicador do Arcanjo foi por dentro da veste negra, puxando um pouco para cima ao passo que esfregava este mesmo dedo ali certificando-se de que não existia nenhuma cicatriz no local. Diferente dela ele entendeu a situação e sorriu pela primeira vez. Sua usuária era boba. Um soldado, porém quase um bebê quando os assuntos eram esses. Não que achasse ser verdade a insinuação uma vez que sabia ser bem o caso. Primeiro que o casamento parecia ser uma decisão lógica vinda do rei. Segundo que o novato parecia ser como sua mestra, talvez não ingênuo, só focado. E quem à beira da morte pensaria nessas coisas? Para ele tudo não passava de um engano de Justine. Esclareceria? Não. Iria esperar uma das duas perceber o engano sozinha, desejava ver até onde chegaria.

"O seu nome é Mikha'el (Mikail)?" Tombou a cabeça para o lado. "O que me lembra... Me atualize do que aconteceu enquanto eu dormia. Tive a impressão de que perdi alguma desavença entre vocês dois, e de que é conhecido do Dri." Com 'vocês dois' referia-se a serva e Maken.

Ela então acelerava um pouco o passo, mais preocupada com o bem-estar do rei do que com aquela questão que poderia ser explicada no caminho, afinal não lembrava de ver Adrian falar tanto assim em sua vida, com tantas pessoas ao mesmo tempo.

- Está tudo bem? Aceita um copo de água, majestade?

Evangeline se arrumava em um canto da melhor forma que podia e Mikail, dava graças por estar naquela forma "compacta" embora o natural é que se desmaterializasse. Ele não sabia o que responder a respeito do próprio nome. Esperava que Evangeline o batizasse mas o nome que ela tinha aparecido antes era totalmente aleatório e diferente do que lembrava. Suspirou após um tempo ponderando sobre como responder.

“Sim. Escrito conforme a escrita islamita. Quanto ao que houve... Sua serva desafiou o mestre pela sua posse. O que houve lá dentro depois que levei vocês embora eu não sei exatamente, minha mente apagou junto com a sua algumas vezes. Retornei a operar em definitivo quando acordou.” Era o melhor que podia manejar resumir o que aconteceu.

Uma gota de suor escorria pelo rosto e ela encarava Mikail que simplesmente deu de ombros em resposta enquanto fechava a porta. Como assim sua Serva tinha apostado a mestre num duelo? O palmo foi até o lado do rosto coberto pelo tapa olho, não sabia dizer se era o espaço apertado para muita gente ou se de fato o rosto esquentara. De todo modo,

- Em quesito combate a agilidade é semelhante a minha, porém o tempo de reação é melhor. Eu diria que a resistência é normal e o fator regenerativo é alto. - Como estavam falando em termos gerais... - Mas... Aquela coisa que apareceu para nos matar... Eu nunca vi tanta ira antes. Contradiz com a calma que ele aparentou. Ao mesmo tempo que Star não parecia estar dissimulando. - Quanto mais pensava a respeito mais ficava confusa. Não acreditava possuir tanta ira escondida em si e alguém com aquela quantidade de ódio... Seria mesmo capaz de se manter no controle? Pausou, procurando reunir todas as informações que possuía mas por estar aprendendo a utilizar as habilidade de Mikail vários detalhes técnicos escaparam-lhe, portanto o Maken sentia-se na obrigação de complementar.

- Nem eu nem Joseph somos capazes de determinar o que o garoto é. Quantificá-lo está além das minhas capacidades no momento, é como se ele não existisse. - Findou.

- Agora que você disse... Eu nunca tinha o visto antes nem em sonhos.

Evangeline encostava a cabeça na parede, de canto por estar no outro extremo daquela "cabine" e por isso precisou abaixar o tapa-olho para conseguir olhar cada um presente com o canto do olho. Não tinha mais o que acrescentar naquele relatório além daquela observação, nem queria incomodar mais Adrian em seu descanso mesmo tendo um assunto importante para tratar. Apesar da tensão de Mikail aumentar com a menção de Saint Germain ela inclinou um pouco o corpo para à frente e sorriu fino, calma, enquanto levava a mão até o ombro dele procurando tranquilizá-lo. Nitidamente a repetição de sua suspeita pelos lábios de Adrian despertavam-lhe memórias ruins o suficiente para entrar em estado de alerta sem necessariamente estar em ameaça, simplesmente detestava qualquer nome ou método ligado a Saint Germain.

- A questão mais importante a longo prazo é se temos um aliado ou um inimigo entre nós... - Para a surpresa do Maken o sorriso de Evangeline se tornava cada vez mais genuíno. Por que ela estava tão feliz agora? O garoto era um problema que Mikail não poderia lidar em condições normais, reconhecia isso. E se fossem inimigos? ... Uma A-Ray gentil daquelas poderia mesmo ser inimiga?

- A curto prazo, somente a existência dele significa um mural de novas possibilidades. - Semi-cerrou os olhos e voltou a arrumar a postura onde estava.

Ele que estava do lado da dupla observava curioso não somente a utilização do sacramento, mas os efeitos dada as lembranças de ambos, usuária e arma não serem necessariamente compartilhadas, diferenciando-os como dois indivíduos capazes de pensar e agir de modo diferente apesar de compartilharem de uma memória mecânica.

- É a melhor decisão. - Lembrou-se da luta contra o monstro da floresta negra, suas habilidades, seu poder reduzido. O natural era que aumentasse conforme a idade, conforme sua usuária se fortalecia, porém Mikail já não sentia-se mais o mesmo. Em termos simples era como se seu poder tivesse sido substituído por técnica. Se antes já era um problema... Agora não teria chance alguma contra uma anomalia daquelas. A questão era se a "Pillar Mommy" estaria disposta a fugir nestes casos. A mulher não tinha cara de quem fugia a luta. Como poderia convencê-la? É, Evangeline que lute mesmo, ele estava sem ideias. Poderia ajudar tentando não trocar soco com ela.

Quanto a garota, ela não sabia o quão forte era esse inimigo, apenas assentia com a cabeça por confiar cegamente em Adrian. Fora isso estranhou o modo como Mikail concordava e se portava, como se conhecesse o inimigo em questão.

- Eu farei como foi dito mas... E quanto a Gram? Quando tive a visão... Eu... - O sorriso morno que direcionou ao trio se desfazia. - Essa arma não está do nosso lado, certo? Se não está... Existe um meio de impedir sua fabricação? - Apesar do timbre suave, o modo como se embaralhara indicava sua aflição a respeito do assunto. Não sabia dizer quando aconteceria. Poderia ser amanhã, depois, mês que vem. Talvez estivesse ocorrendo agora mesmo. As únicas pistas que tinha eram as redondezas daquela vizinhança onde o crime ocorrera e pouquíssimos detalhes visíveis na visão do futuro.

Percebeu ter se precipitado na explicação.

- Digo. Eu tive um sonho hoje sobre essa espada e um homem de olhos vermelhos... Ele conseguia reproduzir tal relíquia por meios que desconheço. - Pausou, aguardando se algum dos D'arc possuía alguma dúvida.