Acampamento Cigano - Bad Omen

Na atualidade os ciganos são grupos pequenos de Magis espalhados em diversos clãs mundo a fora sendo notórios peregrinos que seguem filosofias e condutas muito diferentes de seus colegas, tudo depende do clã em especifico onde este em especial é composto apenas por mulheres liderados por um único homem que segue sendo único ao ser substituído pelo filho seja falecendo de causas naturais ou através de um rito de passagem onde sua morte se torna forçada para que o grupo siga como deve ser, algo necessário que visa uma possível situação distópica que cada vez mais parece próxima de acontecer.

Os acampamentos são diversos, mas por serem nômades independente do clã seus acampamentos sempre são feitos com diversas túnicas e cabanas onde esse grupo, os Hemelin, constroem o seu de tal forma que da certo aspecto árabe tal como as vestimentas da grande maioria dessa família excêntrica que registra seu primeiro caso de dois lideres homens pois um se mudou seu sexo após herdar seu poder Noah, Ariel Hemelin que foi aceito por seu irmão menor como líder maior sendo considerado o mais capaz.

Os Hemelin são um dos poucos que conseguem usar Teurgia e o conseguem através de seu contrato indireto para com Alaya tal como os Fagire possuem algo semelhante com Gaia, assim sendo, ao utilizarem seus poderem em prol de tudo o que seja considerado humano, eles são protegidos do Paradoxo podendo executar verdadeiros Milagres.

Apesar do perigo ter aparentemente passado não conseguia relaxar minimamente graças as manobras insanas do motorista mal humorado, logo como estava mais próxima de Justine puxou o cinto de segurança para ela e prendeu. Seu olhar demonstrava uma legítima preocupação com o estado da outra, somado a um certo grau de culpa. Tinha falhado em proteger os que estavam a seu lado. Elise, Justine, Ariel... Miguel... Poderia ter feito algo diferente? Pegou um lencinho entre suas vestes e usou-o para limpar o suor proveniente da febre não natural da ruiva.

- Não consigo mais me comunicar com meu Maken desde a explosão, nem desativar a habilidade dele... Entre outras inconveniências. Aquela névoa... - Fechou os olhos com força. Talvez tivesse caído se não fosse pelo abraço, por mais dolorido fosse dada suas queimaduras.

- Obrigada... - Tudo tinha ocorrido... Tão rápido que nem mesmo questionou-se logicamente se deveria confiar nos novos aliados, tampouco lembrou-se de que Kael e Gabriel em tese eram traidores. As falas do Linner chegavam a seus ouvidos como se a tirassem de um transe, e ela tombou o rosto um pouco para o lado sem entender parte do que era dito.

Sentar? Sentar onde? Alguma gíria? Talvez sentar no colo de Adrian? Mas... Isso não era meio inapropriado agora que era uma mulher adulta? ... ... E o que isso tinha a ver com a sua relação com o Adrian? Mesmo se Kael desejasse saber que tipo de relação tinham a garota não sabia mais explicar, ontem a resposta poderia ter sido diferente. Ontem tinha um irmão, hoje tinha... Um noivo? Sequer tinha parado para pensar alguma vez na extensão de seus sentimentos, apenas sabia que o amava. Este era um fato. Agora o tipo de amor... Teve receio do resultado.

- Não entendo o que isso tem a ver com o assunto... Mas não mais. - Olhou para Kael com o canto do olho, claro, estava se referindo aos tempos em que era muito pequena para alcançar a mesa sentada e estudar sozinha. Não tinha ideia da heresia da frase, Kael não tinha sido tão claro como Miguel e Rafael mais cedo.

- Não se preocupe. Não sou ingrata, nem gosto de injustiça... - Respondeu com um quê de frieza e cansaço, ainda mantendo a suavidade costumeira. O que provavelmente deixaria claro que, apesar de aparentar ser uma pau mandada tinha lá suas próprias convicções. Bem, pelo menos a maioria ali dentro sabia que presava por honra. Voltou a olhar a amiga, depois os que estavam na parte traseira através do vidro.

- Não precisamos de trégua se ainda não somos inimigos. - Precisava rever seus conceitos... Todos. Não que fosse trair o Rei, nem considerava isso, mas tinham outras coisas perturbando sua mente.

- E quanto a vocês? Por quê me ajudaram? Penso que vocês não tem tanto a dever. Pelo menos não tanto quanto os outros pensam. - Lançou a pergunta para os dois dentro do carro. Se Kael cogitava a hipótese de Evangeline os atacar ou reagir não era mais fácil terem deixado ela morrer? Estariam se livrando de um possível empecilho. Quanto ao servo..., tinha lá suas dúvidas sobre ele também.

Fitou vividamente o rapaz que a segurava. Qualquer um dos D'arc que respondesse seria válido. Precisava saber se tinha os defendido à toa antes, ou se o negócio era mais embaixo como deduziu.

O servo permanecia naquela postura imponente e orgulhosa, sem se abalar pela direção bruta que o motorista fazia, até finalmente perceber que já não fazia mais sentido permanecer assim. Então virou o rosto, olhando por cima do ombro para a serva que estava quieta no canto da carroceria.

- Você também é uma serva como eu, não é? - Virou-se por completo e se agachou dobrando as pernas e elevando calcanhares. Ainda estando semi-nu e com sua face a apenas dois palmos de distancia do dela, o ruivo não parecia ter noção do quanto poderia estar sendo desconfortante para a serva. - Presumo que seja no minimo tão forte quanto eu. - Sorria com um brilho ousado enquanto a analisava de baixo a cima segurando o próprio queixo entre seu indicador e polegar.

- Você ficou do meu lado e isso foi muito bem vindo. Alias, muito obrigado por isso... mas não estou entendendo direito o que está acontecendo. - Então abaixou seu corpo ainda mais cruzando sua pernas em borboleta, também cruzando os braços em frente ao peito. - Somos servos de mestres diferentes, não somos? Não deveríamos então ser rivais? - O ruivo mais parecia o garotão com ingênua curiosidade ao invés de um interrogador seriamente buscando a verdade sobre um assunto pertinente.

Conforme os meninos ali reagiam Evangeline sentia como se tivesse dito ou compreendido algo errado, gerado algum mal entendido afinal a definição de "sentar" que estavam usando ali era algo que não continha em dicionário nenhum, tampouco uma expressão usada costumeiramente dentro da Sephirott.

- "Sentar" é uma gíria, não é? ... Acho que entendi errado. Desculpem o transtorno. - Murmurou a última parte. Ela então olhou para Justine e, vendo o estado da ruiva desistiu de perguntá-la sobre aquilo. Provavelmente esqueceria, não deveria ser algo tão importante assim.

- Compreendo... Nunca foi minha intenção tomar nada de ninguém, ou brincar com você. Perdão. - Voltou o olhar para baixo. Como não tinha interesse em argumentar com Kael, já havia agradecido Gabriel e Justine já havia intervido, decidiu interromper-se, encerrar seu lado do assunto ali.

Quando chegaram usou a segunda lâmina de seu Maken - a que tinha entregue para a A-Ray antes - para servir como uma espécie de muleta. Era até estranho a facilidade com que materializava aquilo, como se fosse seu e não "terceirizado".

Acenou com a cabeça para o Eremita, oferecendo-o um sorriso apesar do clima tenso.

- Preferir, preferir... Eu preferia ir andando. Vamos ver se ainda consigo. - Não queria abusar de uma hospitalidade de que não era digna, onde talvez não fosse bem vinda, portanto ela mesma começava a caminhar sozinha procurando não parecer uma bêbada entre um respirar dolorido e outro.

- Ruivo, como prefere ser chamado? - Não sabia se deveria chamá-lo de lancer. Deveria ser confuso já que haviam, supostamente, dois lancers ali. Então Adão? Recordou-se do apelido que Kael deu ao ruivo. Soava engraçado, porém nomeá-lo "Adão" quando seu nome era "Eva" poderia passar uma ideia errada futuramente.

- Ahaha! Parece que eu acabei me exibindo além da minha pretensão! - Ria bobo com a mão por trás da cabeça ouvindo a serva expressando admiração pelo que ele havia feito. O que o impulsionou talvez tenha sido mais motivado pela imediata necessidade de se vincular a um mestre do que pelas anseios de seu valor de espirito inspirado pela dignidade expressa pela praetor. O próprio servo não saberia dizer o que lhe pesou mais. - Mas se serviu para inspirar novos aliados, então foi de boa fortuna.

Após isso a serva levantou-se, despediu-se e desvaneceu deixando o ruivo a se curva em cavalheiresca reverencia. - Então tenha um bom retiro, elegante dama.

Então virou seu rosto para sua mestra que lhe dirigiu a palavra. - Sim, eu percebi que estou muito alheio essa situação. - Respondeu-lhe com seriedade enquanto descia do veículo com a simplicidade de quem pula o degrau de uma escada. Essa ignorância dele nisso lhe causava aflição, mas mesmo assim sorriu novamente.

- Hm.. - Rolou o olhar em consideração. - "Lancer". - Respondeu-a. - Infelizmente. - Adicionou dando de ombros. - Se a fortuna me favorecesse eu estaria na classe Rider. Mas... - Animou-se. - ... não deixe que minha frustração nisso diminua sua confiança Praetor, certamente que sou um lancer muito bem qualificado. Possivelmente...

Então aproximou-se dela. - Permita-me... - Ousadamente ele a tomou deitada em seus braços, sendo eles tão grandes e fortes que certamente a fariam se sentir uma criança carregada por ele.

- Perdoe se estou sendo atrevido, mas acho que não tem forma mais delicada de lhe informar que estou no limite da minha reserva de mana. - Fechou os olhos enquanto informava com seriedade sobre essa questão. - Eu optei por dispensar minhas vestimentas ao me materializar para poupar energia. Se não estivéssemos vinculados agora, Praetor, eu já teria desaparecido, então por favor, não se esforce desnecessariamente agora.

Então olhou nos olhos de sua jovem mestra e sorriu gentilmente.

- Praetor, por favor, compreenda que também é importante para mim que você poupe suas forças e se recupere o mais rápido possível. Quando mais cedo você estiver recuperada, mais cedo poderemos encontrar um local aconchegante e privado para que eu e você possamos finalmente praticar o que os franceses chamam de "Le Petit Transferrence d' Manê". - Sorriu com um brilho de charme pretensioso e convencido nos dentes.

Gabriel não insistia e isso era muito bom pois não queria abusar mais da boa vontade do rapaz, já devia-lhe muito. Novamente voltava a seu estado natural de seriedade, atendo-se somente a observar em volta enquanto fazia seu percurso sem necessariamente esperar o servo que seguia atrás. Isso porque, pelo menos pensou ser mais lenta que ele e não gostaria de perder tempo, mais rápido melhorasse, mais rápido poderia seguir sua missão. Ou pelo menos foi assim que pensou.

- A fortuna virá em ajuda daqueles que se esforçam. Se não vier, traremos. Lancer. - Era o que acreditava. Acreditava que, se agisse com justiça e seguisse o caminho "reto", sem desistir, Deus os ajudaria de algum modo.

- Eu não vou mentir, não tenho um interesse pessoal no graal. Lutarei por ele, sim, - Nem mesmo pensou sobre seu desejo, o que faria caso fosse a vencedora. Ganhar esta guerra poderia desfazer o rumo das coisas? Se fosse o caso, deveria escolher bem o pedido. O problema era... Tudo estar uma loucura.

- mas minha prioridade... É um pouco mais complicada do que derrubar outros servos, existem muitos contratempos externos a guerra em si que podem ser problemas futuros. Então toda a ajuda é bem vinda. É claro, também não quero que o graal caia em mãos erradas. Sobre a outra serva e seu mestre... Eu não sei se somos rivais, se somos aliados ou se nunca o fomos. O que sei é que não são más pessoas, e que não são inimigos. É possível que no futuro os enfrentemos. Mas não agora. - Parou de andar no "permita-me" e acabou fazendo uma careta exausta ao ser carregada. Tudo bem, já estava acostumada, não tinha nada demais nisso considerando a situação e o homem tinha um ponto... Apesar de... Soar mais como uma desculpa afinal ele planejava lutar em desvantagem mais cedo. Caminhar gravemente ferida não era nada comparado aos riscos anteriores. Abraçou a própria lâmina.

- Você perdeu seu mestre na explosão? - A estrela sempre mostra o caminho certo, lembrava-se. Era praticamente um milagre aquele servo estar vivo. Evangeline virou o rosto, olhando a distância as costas dos que seguiam para tratar Justine. Perguntou-se mentalmente se a ruiva teria tentado dar conta de todos aqueles paradoxos, e o que tinha ocorrido com ela durante as horas em que permaneceram inconscientes afinal, diferente de si os piores dos danos em Justine pareciam não ser físicos.

Tornou a face em direção ao Servo compreendendo logicamente o que ele queria dizer todavia sua expressão mudava aos poucos, a partir menção do tal lugar privado e aconchegante. Ao término da frase a mão já havia espalmado na face do servo sem o mínimo aviso; este que poderia perceber que, apesar de aparentemente frágil, delicada e acabada, aquela garota era no mínimo uma aberração.

- Non! - Respondeu em sua língua nativa, vermelha até as orelhas sem nem entender o motivo. Sim, era francesa. E sim, isso só piorava as coisas. Recolheu a mão rápido.

- Eu... Eu machuquei você? - Tomou consciência em seguida. Nenhum - ou quase - mago moderno deveria ser tão bruto, na realidade nem mesmo Evangeline o era, somente esqueceu-se de que não conseguia desativar aquela habilidade de Mikail no momento.

- Des-- - Depois simplesmente lembrou-se do sorrisinho sugestivo de antes... Não deveria ter pena do herege. Sua piedade com sua serva anterior quase trouxe-lhe a ruína. Suspirou. O rubor diminuía aos poucos.

- Você está correto até certo ponto... Porém esqueça essa ideia, pelo menos comigo. Não sou uma maga, desconheço tal ritual, tem chance de te matar no processo uma vez que sou Ether Linner, mesmo minha vitae lhe seria tóxica, e eu prefiro continuar virgem. Verei outros meios. - Também estava seca de mana. Não que fosse usar para algo além de manter o servo.

- Tem certeza que quer esse contrato? - O guerreiro parecia prezar pela própria vida, sinal de que tinha um desejo forte para fazê-lo. Apesar daquela personalidade flertante e pelo jeito pervertida, parecia um homem honrado.

- Pelo quê você luta? Qual teu desejo?

-Kael, meu irmão! É muito bom ve-lo novamente dessa forma, sabe, sem as formalidades que giram ao redor do Imperador, hm, esse é o tal novato né? O Star, caramba... Justine? O que houve com ela? Garoto, qual seu nome mesmo? E você sabe que o Luke vai ficar uma fera, né? Não entendendo absolutamente nada do que se passava ali, Gabriel apenas acenou com a cabeça e disse seu nome conforme perguntado, Kael apenas suspirou com pesar, não estava mesmo bem humorado mesmo encontrando alguém que parecia estimar muito.

-Eu sei e não atoa, essa idiota lutou sozinha por quase 3 horas contra um exercito de Bestas Fantasmas, precisa de cuidados médicos, purificar o corpo dela da Corrupção do Abismo e só você pode fazer isso, por favor Eliot. O rapaz notava que Kael estava mesmo aflito, o que era raro, o homem sempre foi muito forte e determinado e se estava o pedindo ajuda daquela forma, e pior, pedindo por favor naquele tom, sem duvida ele estava desesperado, mas por que? Eliot então começou a roer a unha de seu dedo polegar intrigado com o estado psicológico do irmão.

-Entendo, mas porque não a levou de volta a Sephiroth? Ela podia ser curada lá facilmente, bom, de qualquer forma, venham comigo. Eliot se virou e seguiu caminho com Gabriel e Kael ainda sem esperarem com Evangeline por razões obvias, ela recusou ajuda de um e o outro não estava sinceramente preocupado com a mesma e sim com a ruiva que era levada a uma ala separada um pouco afastada dali, lugar onde foi deitada sobre uma cama.

-Não podemos voltar para Sephiroth, somos traidores, Adrian quer nossa cabeça agora e eu sei, eu sei o que você pensa e vai dizer, mas deixe isso de lado por enquanto, ok? Por favor, apenas cuide das meninas, os Maken delas também precisam de cuidados, minha função e do Gabriel acaba por aqui, não viemos para causar problemas. Kael deitou Justine que então era observada por Eliot que sinalizou para as garotas próximas para buscarem para ele algumas coisas que seriam necessárias naquele tratamento. O guardião do Sol suspirou pesadamente e colocou a mão sobre a testa da ruiva para não apenas verificar sua temperatura deixando um sutil brilho dourado surgir ali.

-Cara... Ok, é o seguinte, ela está queimando de febre e parece ter ficado muito tempo exposta ao Abismo, sua alma foi comprometida, é uma questão de tempo até que ela morra e se torne uma Besta Fantasma, eu posso reverter o processo, mas vai demorar e eu não garanto algo 100%, talvez ela nunca mais volte a ser a mesma. Eliot voltou seu olhar sério para Kael e ouvindo aquela noticia Gabriel pensou em usar Vivian para isso, mas sabia que o poder dela naquele momento não seria util e por isso apenas desviou seu olhar para baixo e serrou levemente os dentes e nisto o outro se aproximou e pegou na mão de Justine que novamente perdeu sua consciência.

-Para garantir os 100% você precisa de mais energia, coisa que não possui devido sua limitação que como qualquer outra pode ser rompida com uso de Vitae, não é mesmo? Se eu te der meu sangue para fortalecer o poder do The Sun, você pode recupera-la totalmente? Kael segurava a mão de Justine com suas duas próprias e voltou o olhar para Eliot que não parecia contente com aquele dito, mas ainda assim acenou positivamente para o irmão antes de cruzar os braços.

-Sim, é possível, mas devido o grau de corrupção que ela sofreu e levando em consideração que você usou plural, meninas, pelo visto você trouxe mais alguém que pode estar tão ruim quanto ela, ou seja, eu vou precisar de no minimo de duas vidas e meia, quase 3 para garantir as duas junto meu próprio poder, então se vai ajudar, vai ter que me trazer mais alguém para render Vitae e alguém vai morrer, provável, existem chances de sobrevivência, mas são baixíssimas, qual sua escolha? Faça-a agora, quanto mais tempo demoramos para o tratamento pior se torna o quadro de Justine e lamento muito, eu não posso por a vida das minhas meninas em risco, elas não são Magis, a extração de Vitae delas será fatal, é com você Kael, o que fará? Kael apertou mais firme a mão de Justine e então Gabriel se aproximou do irmão colocando a mão sobre o ombro dele o oferecendo um sorriso fino e um joinha da mão livre.

-A Onda me ajudará com o lance do Vitae, admito que gastei boa parte das minhas energias, mas já fizemos isso uma vez não foi? Para invocar a Serva, conseguiremos de novo, é uma questão de fé também, certo? Kael olhava para Gabriel que estava determinado embora soubesse que aquela situação era diferente daquela que foi quando invocaram, ainda assim, o Noah respirou fundo e olhou para o outro tentando se deixar levar, contagiar, pela fé do outro que seria o pilar da sua que era baixa, afinal, Kael não costumava acreditar em deus e sim apenas em si mesmo.

-Seremos só nós dois, Eliot, eu e Gabriel, iremos render o Vitae para a purificação das meninas e dos Makens. Kael falou sem hesitar para alegria de Gabriel e incomodo de Eliot... Os dois? Ele precisava de quase 3 vidas para tal, eles iriam suprir isso combinando o ritual com a Onda? Aquilo era muito perigoso, necessitária de uma vitalidade gigantesca, mas se estavam dispostos, ele não poderia perder mais tempo então apenas respondeu que tudo bem e nisto ambos os irmãos se olhavam onde no externo estavam confiantes, mas no interior ainda tinham duvidas se iriam conseguir, bom, ao menos morreriam tentando e pensando nisso Kael olhou para sua aliança... Não, não podia morrer tentando, iria conseguir, falhar não era opção, Elise precisava dele vivo.

- Ahahaha! - Ria abertamente, mesmo com a tapa marcado em seu rosto, com a graça no desconcerto da mestra. - É muito forte para uma beldade intocada, Praetor. - Caminhava com mais disciplina agora enquanto ainda a carregava, estava satisfeito que ela estivesse colaborativa.

- É infortúnio então. - Respondia a indagação dela após aquele esclarecimento do qual compreendia apenas as questões praticas, assim não entendia o que é um "Ether Linner", sobre "vitae" presumia que se referia a "fluidos", o ponto de interesse é que ela expressou não dispor nem de meios nem de indecoro para suprir as duas demandas do servo. - Mas eu posso contar com seu esforço para trazer fortuna. Foi o que você disse agora a pouco. Apenas não se renda enquanto eu estiver do seu lado. - Então sorriu confiante e empolgado.

- Eu tenho um desejo, sim... Mas você faz perguntas pessoais com muita seriedade, Praetor. Não tenho nenhuma resposta adequada para os ouvidos de uma donzela enquanto não estiver de espirito enlevado, ou pelo menos não enquanto estiver sóbria.

Enfim ele adentrava na tenda junto com ela, naquele momento final das palavras daquele referido como Kael.

- Sauda... ções? - Como eles pareciam imersos na conclusão de algum assunto importante de magos ele ficou inseguro se deveria interromper agora para anunciar a outra paciente nos seus braços em espera de atendimento.

Mantendo um meio termo de distância entre os rapazes e Evangeline, outra figura surgia gradativamente sem pronunciar nenhuma palavra ou a necessidade de ordens. O "homem" conhecido de alguns parava do lado de dentro e mantinha-se encostado em um canto mais isolado. Talvez não fosse notado grande parte do tempo, se nem a própria mestra o notava mais. Este apresentava-se diferente do normal: mais animalesco, pálido e armadura em destroços. A seu modo estava preocupado com a situação da garota. Depois, a de Gabriel.

Não pensava no que a albina aprovaria ou não, era algo sincero, o mais próximo de um sentimento humano que podia experienciar; e desta vez não procurou entender. Apenas sentia-o. Sabia que parte daquilo era sua culpa. Não conseguia nem dizer a si mesmo que aquilo era destino ou escolha divina, para ele, somente não foi bom o suficiente. Falhou. Falhou como arma e como indivíduo.

Como não era tão compreensivo quanto a garota  francamente não dava foda nenhuma para Kael, achava-o um babaca, não entendia porque Adrian o reinseriu no círculo, não era melhor deixar pra lá? Kael pelo menos estaria satisfeito em ser esquecido pelos D'arc a essa altura. Então fechou os olhos. Esta seria a primeira vez que o albino falaria pela garota, claro, para impedir outra loucura. Gabriel deu a impressão de ser fã delas desde que se conheceram.

- Perdão a intromissão. - Inclinou o corpo levemente para à frente.

- Essa é a única alternativa? Posso estar sendo insolente mas... - Retornou a postura ereta.

[...]

- É assim que sigo intocada. - Era brincadeira, embora não demonstrasse indicativos disso. Bem. Parcialmente brincadeira. Aprendeu alguns truques para se defender, cortesia do senhor Noah.

- Não me renderei, mas aquele homem que estava atrás de mim... É melhor evitá-lo enquanto não damos conta dos Aristotélicos e das Bestas Fantasmas... - Parecia ser a melhor opção. Pelo menos se era mais confiante a respeito dos demais oponentes do que desse em específico. A menção a respeito dos antagonista e pensamentos a respeito dos últimos ocorridos fizeram com que o olhar de julgamento sumisse, não parecia que iria deixar outra marca a qualquer instante a não ser que tomasse outro susto. Dada a repreensão velada a respeito de seu temperamento sério considerou a hipótese estar deixando-o desconfortável. E por não querer pressionar ninguém com questões pessoais deixou para lá.

[...]

- Lin não se importaria de esperar o senhor cuidar de Justine se os riscos forem menores. Fui o menos afetado por paradoxos e evitei expor-me a névoa mais que o necessário. - Continuava mantendo seu senso lógico, procurando um meio termo, algo mais seguro para todos. Sinal de que até a ideia de tomar uma explosão nuclear nas costas para seus aiados tinha lá fundamentos.

Mikail teceu um olhar cortante para o Don Juan e Evangeline, o suficiente para que a garota sentisse um calafrio momentâneo, por mais impessoal que a hostilidade fosse. Ela então fitou os rapazes. Achou ter entendido errado. Iriam usar a Vitae deles no tratamento?

- É verdade que Ether Linners não possuem muita mana... Mas usar a Vitae de duas pessoas, magos, não é um pouco demais? Isso significa... Justine... - Terminou sussurrando o nome da amiga. Sinalizou para que o Servo a colocasse no chão, caminharia a partir dali com seu apoio improvisado. Não entendia toda a dimensão do que ocorria, contudo tinha aprendido a confiar naquele albino por mais que tivesse a impressão de que ele a odiava ou guardasse mágoas agora.

Tendo todos chegados a uma conclusão, Eliot se mantinha severo com aquilo por saber o quão perigoso era embora os dois ali a sua frente permanecessem confiantes de que iriam conseguir, e bom, ninguém ali podia perder mais tempo então tinham que agilizarem as coisas, porém algo sombrio parecia brotar ali em meio ao nada, não havia como não notar, principalmente o herdeiro do Sol cujo sensibilidade espiritual era uma das mais altas de toda a família e por isso se afastou brusco quando Mikail se manifestou e percebendo isso Kael invocou imediatamente seu Maken e Gabriel manifestou a Onda, ambos preparados para atacar o inimigo, mas não o faziam de antemão para evitar excessos.

- Vanitas?! O que está fazendo aqui? Não... Eliot por momentos pode ver o demônio que segue a Morte, algo tão sinistro que sua presença já parecia conduzir qualquer um ao abraço frio do além, entretanto, bastou um piscar de olhos para a imagem mudar do profano para o anjo que parecia bem debilitado fisicamente, armadura comprometida, pele empalidecia, consequências prováveis da Corrupção do Abismo.

- Não, esse é... Antes que terminasse seu dito o ruivo entrou com a albina no colo e enfim todas as peças se uniram, de fato aquele que entrou ali na maciota era Mikail, o Maken da Princesa Evangeline e ve-la ali naquele estado só fez Eliot suspirar mais  uma vez e levar os dedos até o meio dos olhos acima do nariz apertando de leve.

- Meu deus, então aquela confusão toda com a Nevoa Negra e os Abissais é coisa de vocês, não é? Ai ai... A Princesa não deveria estar aqui, céus, recolha seu Maken imediatamente, todos vocês, agora, não sabemos o quão corrompidos todos estão e quanto mais tempo manifestados mais rápido a corrupção seguirá, recolham-nos. Dando ouvidos ao irmão, Kael recolheu suas laminas gêmeas e embora não estivesse manifestando um Maken, Gabriel desligou a manifestação de sua Onda e nisto algumas mulheres chegavam carregando incensos, ervas e algumas folhas maiores as colocando sobre a mesa ao lado da cama.

- Obrigado meninas, e sim princesa Evangeline, é exatamente isso o que pensou embora seja estranho, seu Maken é hibrido então tudo o que causou nele deveria ter sido em você também, mas os dois parecem tão saudáveis se comparado a Justine, sequer parece que receberam o dobro de corrupção dada a ligação de ambos... Deite-se, deixe que examina-la também, meninos, preparem-se para o ritual, rapaz, vou precisar que saia, o ritual vai drenar toda a energia magia no ambiente incluindo a vital para transferência, se ficar dentro do alcance seu corpo pode desaparecer, afinal, você é um Espirito Heroico, certo? Quando se referiu a “rapaz” falava do ruivo semi-nu ali entre eles, homem este que ganhava alguns olhares de curiosidade e outros mais travessos das mulheres que seguiam caminhando por ali para lá e para cá. Gabriel e Kael já seguiam arregaçando suas mangas e Eliot então ia posicionando os incensos e fazendo o desenho do circulo mágico usando o que parecia ser sal saia de seus dedos conforme esfregavam um ao outro delicadamente.

- Deus, eu não deveria estar ajudando alguém que se opõem ao Imperador... Resmungava Eliot enquanto seguia preparando o terreno para o ritual e com as mangas já na altura dos bíceps, Kael retirava sua gravata e abria um botão de sua camisa social a deixando com uma das meninas que pegava para guardar na sequencia.

- Você será muito bem pago por isso. Respondeu Kael rispidamente para o outro que ao ouvir isso pareceu ter ficado um pouco mais animado, chegou a sorrir mantendo os olhos fechados sendo notável a ligeira satisfação em sua fala.

- Bom, nesse caso acho que eu posso abrir uma exceção! Vamos lá! Eliot então começou a acelerar seu próprio processo de criação do sigilo mágico, parecia mais determinado em faze-lo e notando isso Kael dava um sorriso de incredulidade ao qual só se firmou com ele acenando a cabeça negativamente.

- Como preferir. - Respondeu a sua mestra descendo-a delicadamente de seus braços para deixá-lar caminhar sozinha. Ele cruzava os braços agora permanecendo quieto observando e escutando atenciosamente o que conversavam embora compreendesse muito pouco sobre conversas de magos, não lhe escapou dos ouvidos o homem referir a sua mestra como "princesa Evangeline", poderia ser que o homem apenas estava sendo lisonjeiro, questionaria esse curioso detalhe depois.

Ao que o homem lhe recomendar que tome distancia o ruivo torcia os lábios como em reação a nojo, aborrecido por não poder assistir o trabalho deles.

- Eu não quero desaparece agora, então eu vou tomar distancia. Praetor, se precisar de mim é só fazer aquele grito de donzela pura em perigo. Eu vou reconhecer logo que ouvir. - Sorriu com um dos olhos piscado acenando uma despedida com a mão enquanto já se virava para sair da tenda.

- Devo então aproveitar esse tempo? - Tinha que refletir. Todo esse acampamento era aconchegante, mas não parecia fornecer nenhuma atividade produtiva para as funções de um servo, mas não custava explorar. Uma biblioteca seria um bom começo ou talvez possa haver outro mago por aqui, alguém sábio o bastante para lhe dar alguns esclarecimentos básicos que lhe faltaram. Contando com seu alto carisma o servo não teria problemas em lidar pacificamente com a população local e receber indicações úteis.

O Caído aguardava silenciosamente a conclusão de tudo e procurava ser minimamente educado embora soubesse que de nada serviria a educação no momento por aquele homem, Eliot, ser tão sensível ao ponto de perceber o desejo assassino velado, controlado sob um véu de razão afinal, não era uma fera e genuinamente se importava com três das várias pessoas que estavam ali.

Enquanto Eliot explicava a situação, ou parte dela, Evangeline descia com delicadeza ao chão e acenava com a cabeça em agradecimento ao gesto sem querer interromper os demais. Assim como o interlocutor não entendia muito bem o que ocorria consigo, aparentemente estava bem, só precisava de descanso e alguma cura, pelo jeito teria que aguardar a análise. Tentou recolher seu Maken como o pedido, não conseguia. Tomou consciência de que não tinha mais controle sobre ele e chamou-o pelo nome como de costume.

Nisto Mikail aproximava-se da garota e usava-se de apoio para ela enquanto a lâmina que carregavam desmaterializava do mesmo modo que havia surgido.

- Tire seu tempo. - Não respondeu nada a respeito do grito, o Servo já parecia decepcionado demais. E se soubesse que não era de gritar por ajuda? - Não se preocupe. - Lançou o murmurar ao ar, tentando convencer a si mesma também. Ser tão confiante quanto aqueles que forneceriam a Vitae.

- Por favor, fiquem bem... Até logo. - A súplica saía em meio a uma leve alteração de voz, era mais doce que o usual, carregada de emoção. Os ditos de Eliot, entretanto, soavam-lhe errados. Não importa como vissem a situação, o Sol estava ajudando Justine e a ela, não traidores. Deitou-se, iniciando uma prece silenciosa.

- Retornarei ao estado de hibernação. - Antes de desaparecer totalmente anjo levava a mão até a testa da companheira e arranhava ali com o indicador. Era estranhamente gentil, como a face do ceifeiro de almas que recolhia aqueles que estavam preparados para se entregarem ao abraço da morte. Os olhos azuis de Evangeline retornavam a cor natural devagar. As forças da garota esvaiam-se junto ao desativar daquela habilidade curiosa, devolvendo-lhe toda a dor que tinha, de algum modo, conseguido ignorar. Gradativamente começava a tremer e abraçava o próprio corpo.

Com todos os preparativos prontos, o Servo ao lado de fora, as garotas deitadas e os rapazes de pé, Gabriel e Kael estenderam seus braços para Eliot que puxou uma adaga de lamina ligeiramente curvada para cortar os pulsos de ambos e faze-los começar a sangrar ativando então o sigilo que tornava o sangue algo brilhante que exalava devido poder que se espalhava pelo sinal mágico que começava também a brilhar tão intenso quanto. Os rapazes ignoraram os ditos de Evangeline, afinal, não tinham como faze-lo já que o ritual era de risco então mesmo sobrevivendo era claro que não ficariam bem.

-A princesa e seu Maken estão piores do que pensei, vou precisar de 5 vidas para restaurar tudo completamente, deixar Mikail, Evangeline, Justine e o JIU a 100%. Comentava Eliot após examinar Evangeline assim como fez com Justine. Kael ficou abismado com aquela quantidade, era muito mais do que poderiam só que estranhamente Gabriel sorriu e deu uma breve joelhada no irmão mantendo o sorriso confortante para ele.

-Não se preocupe, vai dar certo. Kael estranhava tanta confiança de Gabriel e como não tinham o que fazer ele acabou suspirando pesadamente apenas esperando o que iria acontecer em seguida observando seu sangue ser absorvido pelos grãos brancos jogados por Eliot ali no chão parecendo se tornarem pequenos e brilhantes cristais vermelhos.

"-Ter o Vitae drenado e usar o Odd ao mesmo tempo, duas forças vitais de uma só vez é algo simplesmente insano, eu não faço ideia do qual resistente seja o novato, mas o que ele está fazendo é humanamente impossível, talvez ele consiga concluir o ritual com Kael, mas..." Eliot seguia observando enquanto ia passando uma folha maior que lhe foi dada sobre o ombro deitado de Evangeline e Justine, uma de cada vez as restaurando as energias no geral junto da fumaça dos incensos que além de bastante cheirosas e perfumadas eram também relaxantes e iam fazendo seu efeito sobrenatural voltado para o interior das meninas que começavam a esfumaçar em negro, todo o mal contido nelas saia em forma de fumaça por todo o corpo. Enquanto isso a dupla caia ajoelhada no chão já bastante enfraquecidos mesmo com Gabriel usando o Odd para curar os dois, aparentemente.

-Ele está curando apenas Kael para otimizar a cura. Concluiu Eliot ao observar bem a situação e ouvindo isso Kael olhou preocupado e ao mesmo tempo irritado para Gabriel que apenas fechava seus olhos mantendo o sorriso fino, não havia nada a ser feito, as mãos estavam ocupadas deixando os pulsos sangrarem para o ritual. Ao lado de fora as mulheres continuavam suas funções normais, não havia ninguém ali de diferente, só um monte de mulheres ciganas e assim o tempo ia se passando.

-Gabriel, seu... Kael apertou forte seus punhos e serrou os dentes e tentou se afastar de Gabriel para o poder não funcionar mais em si, porém, o outro mordeu sua roupa para que não pudesse se distanciar e fraco do jeito que estava ele não tinha como fazer muita coisa além de tentar tomar distancia para que então de súbito Gabriel caísse para o lado soltando os panos.

-Gabriel, merda! PARA DE ME CURAR! Kael imaginava que se afastando do alcance da Onda, a mesma não iria mais cura-lo restando a Gabriel curar ele mesmo e então se forçou a levantar para sair de perto, mas Gabriel mesmo caido o segurou no tornozelo firmemente, bom, o quão firme conseguia.

-Seu imbecil, para senão você vai morrer! Eu aguento sozinho! PARA! Kael puxou a perna só que perdeu as forças e caiu no chão e ainda assim Gabriel seguiu o segurando estando ali agora debruçado no chão sem dizer uma unica palavra com seus longos cabelos prateados cobrindo parte do rosto. O processo já havia girado em torno de 10 minutos e sob efeito das folhas e dos insensos as garotas não conseguiam se mover e isso era de proposito pois Eliot sabia que elas poderiam sair dali para fazer algo e isso iria arruinar o ritual pois no momento em que elas pisassem no chão o selo drenaria a força de ambas os levando a estaca 0.

Em seu lugar Evangeline seguia observando tudo em volta, cada detalhe do ritual que - provavelmente - presenciava pela primeira vez ao vivo. Após a confirmação do quanto precisavam ela estreitava o olhar e mudava sua atenção para Gabriel. Tudo bem, recordou-se de que o garoto não era tão humano assim, de que tinha um nível de mistério ambíguo nele além disso o OD fazia dele uma criatura naturalmente mais forte que humanos normais... Mas... O que Eliot pedia era mais que o dobro, não deveria ser possível. De onde ele tirava tanta confiança? Tinha alguma carta na manga ou baseava-se somente na própria fé? Não... Não era isso... Era?

- Não... - Tentou mover-se, somente para perceber que além da dor que intensificou-se antes, estava completamente imobilizada. Fechou os olhos com força, era difícil definir a expressão que fazia no momento. Compreendeu que Gabriel queria salvar pelo menos um deles caso tudo desse errado e que tomou a vida de Kael como mais importante que a sua. Não tinha muita moral para criticar, impedi-lo seria hipocrisia...

"Deve ter outro jeito, deve ter outro jeito..." Abriu os olhos. Pela posição em que estava, gotas cristalinas escorriam a partir de seus olhos e aqueciam os lados da face até molharem seus cabelos. Foi então que percebeu em sua mente a voz de alguém que não esperava, que deveria estar dormindo como tinha avisado.

Em todo o momento em que a fé de Evangeline parecia abalar, ele, Mikail, seguia orando sem parar uma prece pessoal demais, simples como a de uma criança que tinha sua conversa pessoal com Deus antes de dormir. Tentou engolir o choro que tinha mais forte e sentiu-se tocada a fazer o mesmo, onde pareciam completar as palavras um do outro.

O tempo ia se passando e com ele a luz do OD de Gabriel ia diminuindo perdendo seu aspecto dourado que ia desaparecendo gradativamente. Kael só conseguia assistir a cena de cima, do irmão que segurava seu tornozelo sem parecer perder a força determinado em pelo menos um deles sair bem daquela situação e enquanto isso Eliot apenas olhava o relógio, haviam se passado cerca de 15 minutos do ritual faltando apenas 5 para ele enfim estar completo e ele já podia sentir o corpo suar de leve conforme sua própria energia ia embora junto do brilho do Anel do Sol.

"-Esse cara é surpreendente, conseguiu manifestar tanto poder em tanto tempo, que tipo de humano ele é? Mesmo um Ether Linner seria incapaz disso mesmo sendo um Eremita, existe algo de diferente nele, mas o que?" Eliot então fitou o próprio pulso e estreitou o olhar. Os cinco minutos finais se passaram e antes do termino dele a luz de Gabriel se apagou totalmente e pouco tempo depois o sigilo também desligou, o ritual havia se encerrado e agora Justine, Evangeline e seus Makens estavam bem com seus corpos restaurados totalmente, fisico, espiritual, energia, tudo estava 100% bem como o guardião do Sol havia dito que seria.

-Está terminado. Disse Eliot quase sem voz se afastando do local para ir se deitar em outra cama naquele ambiente, estava verdadeiramente exausto. Kael mesmo enfraquecido se esforçava para se sentar e então seguir até Gabriel que estava caído ali debruçado.

-Gabriel! Vivian, a A-ray de Gabriel surgia o pegando no colo ainda deitado no chão deixando uma de suas mãos na nuca dele enquanto a outra ficava sobre o peito para sentir o ritmo cardíaco do mesmo. Deitado na cama, Eliot colocava sua mão sobre o pulso como se quisesse esconder algo ali.

-Esse imbecil... Ele está bem? Perguntou Kael já próximo de Vivian que por usar mascara não tinha expressões sendo possível apenas ouvir seu choro e na sequencia a A-Ray abraçava seu mestre com força o que fez o D'arc entrar em choque e gritar com ela perguntando o que havia acontecido e ao notar o silencio dela ele ficou quieto encarando com o olhar incrédulo ligeiramente marejado.

Ambos, usuária e arma seguiam naquela prece em conjunto onde dado momento Evangeline fechava os olhos e Mikail conduzia o ritmo cada vez mais calmo por estar retornando a seu estado normal, sentindo aquele aspecto violento abandoná-lo junto a corrupção, em contraste a garota que continuava tão triste quanto antes enquanto procurava não pensar em mais nada além do que ocorria diante de si.

- Gabriel! - Quando o sigilo mágico apagou e finalmente pôde se mover Evangeline levantou-se apressadamente para checar o que tinha ocorrido, mas de repente seus passos paravam, sua feição mudando para uma de choque por alguns momentos. Não precisava dos traços de Mikail para compreender o que ocorria.

Imaginando o que poderia acontecer, o albino aparecia por trás de sua mestra e a segurava em um abraço forte que imobilizava também os braços. - Ele está...! - Não conseguia dizer, não conseguia terminar a frase. - Me solte. - A ordem era ignorada e resultava em ambos disputando forças, onde apesar de "mais forte" o Maken era quase vencido pela garota que superava suas expectativas. Isto é, se não fosse o choro que tinha esforçado para segurar mais cedo, bem menos discreto, falsamente devolvendo o "brilho" a seu olhar opaco com o súbito de raiva desaparecendo.

- Eu podia... Eu podia esperar... Eu podia ter esperado... Gabriel... - Murmurava. Fechou os punhos cabisbaixa enquanto Mikail se abaixava devagar permitindo o corpo de Evangeline ceder até que esta estivesse sentada no chão, não iria mantê-la pendurada no agarrão.

Ao solta-la o homem pálido manteve-se curvado com as mãos sobre os ombros dela, sem que dissesse nada as orbes azuis pousavam sua atenção em cada um dos presentes e ele levava a mão direita até a A-Ray, tocando-a sobre a cabeça, buscando consolar a outra mesmo que não fosse muita coisa ou em vão. Era incapaz de chorar como sua mestra, mas conseguia demonstrar seu importar de outros modos.

Diferente de Evangeline, Justine seguia adormecida mesmo com tanto “barulho” ao seu redor. Eliot seguia deitado olhando a situação de canto de olho enquanto Kael serrava ainda mais forte os próprios punhos para se segurar chegando ao ponto de levar a mão a boca enquanto Vivian que segurava o corpo do outro D’arc soluçava de tanto chorar.

-Ainda bem... O dito choroso da A-ray chamou a atenção de Kael que ficou piscando rapidamente seus olhos, como assim ainda bem?! Ele então franziu os cenhos e apertou o próprio rosto.

-Como assim ainda bem? A mascarada ergueu sua cabeça encarando o D’arc que permanecia a olhando sem nem mesmo piscar e ingenuamente ela respondia enquanto sua mão livre do corpo de Gabriel ia por debaixo da máscara provavelmente secando seu rosto.

-Que ele está bem, eu fiquei tão assustada, graças a deus deu tudo certo... Ela “puxava” o nariz de vez em quando por causa do choro e agora o momento ficou no mais absoluto silencio até que Kael avançou em Vivian a pegando pelos panos abaixo da máscara começando a sacudi-la.

-TA FICANDO DOIDA PORRA?! TA CHORANDO POR QUÊ?! HEIN?! Com Vivian sendo sacudida por Kael, Gabriel caia do colo dela e batia com a cabeça no chão o que o fazia acordar colocando a mão no local dolorido. Eliot sorria fino apesar de enfraquecido, tudo havia dado certo e agora podia descansar de verdade fechando seus olhos e voltando a atenção para o teto.

Com todo aquele clima de velório Mikail mantinha a feição neutra de sempre enquanto seguia afagando a cabeça de uma, e repousando a mão sobre o ombro da outra enquanto choravam. Evangeline não chegava a fazer tanto tumulto igual Vivian, mas era de fato uma surpresa vê-la daquele modo... Por isso manteve-se em silêncio. Não queria morrer, por mais doce que a garotas fossem.

Com os ditos da A-Ray a albina levantava o rosto em surpresa e encarava a dupla que conversava entre si. Chegou a piscar os olhos algumas vezes, o que fazia com que o acúmulo de lágrimas descesse pelas bochechas. Suspirou de alívio levando a mão até o peito.

- Céus... Você me assustou... - Usou a manga da mão direita para secar o rosto e começou a ajudar Gabriel pegando-o nos braços deitado de barriga pra cima. A mão livre ia por trás da cabeça do garoto e bagunçava os cabelos por cima de onde ele tinha batido.

Enquanto isso Mikail não conseguia mais segurar. Assim que D'arc começava a demonstrar sua indignação o Caçador simplesmente começava a gargalhar de forma tão espontânea que nem parecia ele mesmo, não conseguia abrir nem os olhos direito.

- Mikail. - Repreendeu-o e virou o rosto para o outro lado. A Princesa estava começando a ficar devidamente sem jeito agora que seu sangue esfriava e com o simples chamar de nome o Maken respirava fundo, arrumava as próprias vestes e começava a checar o estado dos demais ali começando por Justine, quem tinha um certo cuidado para não perturbar. Como Kael seguia gritando deduziu que estava ótimo.

- Vivi... Ele ainda está fraco, me ajude a colocá-lo na cama. - Claro, podia fazer isso sozinha, só usava uma desculpa para tirar a A-Ray das mãos do esquentadinho. Depois ergueu o rosto para onde Mikail estava, aguardando as respostas do diagnóstico.

"Já está terminado." - Alertou ao Servo através de sua conexão. Não tinha certeza se iria funcionar... Mas...

Evangeline abriu um sorriso fino, quase imperceptível devido a interação daqueles dois. Terminava de ajeitar o aliado na cama com a ajuda de Vivian e piscava os olhos devagar uma duas vezes, alternando o uso de sua habilidade em literalmente um piscar de olhos somente para perceber que, em relação a Gabriel, apesar de ter certa noção do estado físico, seu diagnóstico não ia muito além disso. Só sabia que ele estava fraco e que não era totalmente humano, assim como um caçador experiente - a diferença é que não o era - tem noção do estado e poder de sua presa. Logo era necessário verificar o pulso.

E nisto já iniciava o que parecia ser uma espécie de curativo onde haviam feridas depois de esterilizar. Não seria o bastante para que o paciente ali se sentisse bem, mas... Pelo menos serviria para não piorar a situação enquanto ele se recuperava.

- Vivo e um trapo. Você tamb- - Já que não tinha a necessidade de ceder mais detalhes não se aprofundava no assunto. Tentou erguer-se da cadeira ao lado da cama, mas foi parada por uma das mãos de Mikail que tocavam o ombro da princesa, ela que, pela posição em que estavam não poderia perceber o quão intenso o olhar do homem estava, mas Kael e Eliot sim.

Antes que pudesse perguntar o motivo Eliot tomava a palavra. Evangeline sinalizou positivamente com a cabeça. Compreendia. Era melhor que continuasse ali, caso houvesse algum contratempo seria mais fácil agir em uma contra-medida, ainda mais levando em consideração que o Servo ainda estava do lado de fora, além de aumentar o alcance do "radar" deles.

- Espero que não se importe, então. - Sem esperar e conhecendo o estado dos demais ali, o caçador seguia para carregar Eliot nos braços, o literal "princess carry", por ser mais prático e rápido em uma situação onde não podiam perder tempo.

- Já volto, evitem sair rolando. - Pediu de forma divertida ao sair. Do lado de fora o Maken voltava a falar, mas de forma baixa, somente para o líder daquele grupo.

- Você disse que suas meninas são humanas... Correto? Teria como evacuá-las? Se as coisas ficarem problemáticas... E... Obrigado. - Devido estarem dentro de uma barreira não conseguia perceber certas coisas com a clareza costumeira, as presenças do lado de fora soavam como respingos de água.

"Parece que a concentração de mana e vitae utilizada no ritual atraiu algo pra cá... Precisarei ficar de vigia aqui, então deixo nas mãos de vocês." Disse a princesa aos familiares, recordando-se da sede de batalha do Ruivo. Então finalmente erguia-se como planejava. A espada que tinha usado em seu "rito de passagem" na floresta era desembainhada.

"O homem albino com Eliot no colo chama-se Mikail. Pense nele como um fragmento da minha alma." - Por hora aquela explicação deveria servir. - "Qualquer dúvida urgente, sinta-se livre para indagá-lo. Na minha ausência, ele será teu guia. De acordo, rapazes?" Mikail respondia com um 'sim' realmente focado em seu rastreamento enquanto aguardava as instruções do Cigano afinal, ainda tinham que checar o estado da barreira.

- Isto está atrapalhando... - Segurou uma mexa de cabelo à frente do rosto, ajustou e efetuou um corte. Depois repetiu o processo com o resto do cabelo até que chegassem à altura do queixo, com exceção de uma das laterais levemente maior que a outra. Quando terminou limpou a lâmina e observou-se de forma superficial no reflexo desta antes de guardá-la. Tinha pensado em fazê-lo antes, só não tivera a oportunidade. E como não era uma magi, não dava a mínima para aquela possível reserva de mana perdida.

- Bem... Repouse, por favor. Está menos pior que ele, mas não se force se não for necessário. - Sem mais precisar ficar empurrando fios de cabelo para trás enquanto trabalhava, ela silenciosamente retornava ao ponto onde havia parado e oferecia apoio a Kael, para que ele se sentasse em uma das camas vagas. Sabia que ele estava de pé graças somente ao temperamento forte dele e força de vontade.

Enquanto a Praetor e sua companhia eram atendidos dentro da tenda, Lancer teve seu tempo com a população local. Sendo um homem atraente e de alto carisma ele foi tratado com muito interesse pelas moças, com isso ele pôde abusar da hospitalidade conseguindo vestimentas mais apropriadas do que apenas aquela capa que usava como toalha para cobrir as partes mais sórdidas de seu corpo.

Spoiler:

Estava em uma das tendas confraternizando com as moças, se divertindo contando anedotas de seu tempo e era ouvido com interesse e graça, com frequência também ele questionava sobre a “tribo” delas com legitima curiosidade sobre seu modo de vida, sobre onde estão os homens, e como se protegem... Foi em algum momento aí que recebeu a mensagem de sua Praetor lhe informando que eles haviam terminado, isso era bom, significava que ela estava muito melhor agora e ele estava interessado em encontra-la assim, mas seria um desperdício interromper aquela reunião, ele nunca esteve sozinho com tantas belas moças, queria apreciar mais um pouco.

Não durou muito pois foi notado a eminência de um cerco de monstros. Teve que sair da tenda para observar a barreira tremular sob a pressão das criaturas tentando invadir e as moças ficando apreensivas com isso.

- Por favor, não tenham medo. – Dizia com um sorriso casual. – Não é um ataque organizado, apenas animais selvagens. Só precisamos ser espertos, manter a calma e agir com ordem.

É claro que o conselho é bom, mas não dava nenhuma orientação pratica do que deve ser feito, aguardou alguém questionar isso, e ele adora quando questionam nessa hora.

- Hehe... – Ele tentou, mas não conseguiu conter o riso vaidoso. – Ao que parece estamos em menor número, se esperarmos a barreira cair, certamente o acampamento será cercado... Não vamos conseguir impedir que eles entrem, mas podemos controlar como e por onde eles vão entrar e assim lidar com eles de forma organizada.

Então recebeu outra mensagem mental de sua Praetor atenta a essa perturbação, Lancer respondeu seguramente. – “Eu percebi. Descanse, Praetor. Eu já vou resolver isso.” – Agora sorria entusiasmado em impressionar a Praetor. Ele cruzou os braços com olhar observador, pensativo ele levou a mão ao queixo.

-  Eu preciso, hm.... construir um corredor a partir da barreira. Isso mesmo... Lembram de Termópilas? - Sorriu. - Então. Pode ser improvisado com entulho e moveis... eu só preciso que sirva para afunilar as criaturas que vão passar por ele. É a melhor linha de ação que consegui pensar, eu lamento senhoritas, mas sozinho eu não vou conseguir construir isso a tempo. Posso contar com seu apoio nessa parte?

O ruivo não gostava da ideia de envolver mulheres em qualquer ação marcial, mas entendia que era uma comunidade de magos e nesses tempos não era mais tão admirável que mulheres fossem qualificadas para o combate, sendo assim, a proposta lhe era bem melhor tragável.